A pregação e o ensino da palavra numa igreja são como a ação de alimentar crianças, jovens e adultos. Existem vários grupos de alimentos, como as vitaminas, as proteínas, os carboidratos. Cada grupo alimentar tem uma função, uma importância vital para o desenvolvimento e a manutenção da saúde humana.
A igreja deve ser como uma boa cozinha, uma boa despensa. O apóstolo Paulo, falando aos Coríntios, usa a figura da despensa para ilustrar essa verdade. Ele diz: “Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus” (I Coríntios 4.1). A despensa fala do depósito onde ficam armazenadas as provisões, o estoque de alimentos, a cozinha. O despenseiro é o responsável por fazer chegar à mesa comida de qualidade, nutritiva e adequada ao desenvolvimento da família toda. Ele é o mordomo, o administrador das provisões.
No versículo seguinte, ele diz: “Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel” (I Coríntios 4.2). Logo, cabe à igreja, ao pastor que prega e ensina, providenciar alimentos de qualidade para todos. O que aconteceria com uma família que comesse o tempo todo apenas feijão? Ou que comesse três vezes ao dia apenas pipoca e coca-cola? Ou somente arroz? Ou apenas carne moída? E que tal sorvete de baunilha, flocos, castanha, chocolate, no lugar do almoço e do jantar, todos os dias? Não, isso não, mas verduras são saudáveis. Então vamos comer salada de pepino, alface e cenoura ralada em todas as refeições!
Observe que todos esses alimentos mencionados e mais tantos outros são muito importantes, mas não se recomenda o consumo exclusivo de um só deles por semanas e meses a fio em todas as refeições. É a combinação de todos eles que produz uma dieta equilibrada, saudável e agradável ao paladar. E tem mais: Não basta ter bons alimentos; é preciso saber cozinhá-los de maneira apetitosa.
Um mau cozinheiro pode tornar uma peça de filé mignon intragável. Ele pode estragar camarão, ovos, salada, qualquer alimento. Isto ocorre por excesso ou falta de sal, excesso ou falta de tempero, excesso ou falta de fogo. Talvez por servir cru ou servir queimado… Há muitas maneiras de estragar uma comida, mas também há inúmeras formas de torná-la agradável aos olhos e ao paladar. Como estamos servindo aos nossos “clientes” a comida divina da Palavra de Deus?
Despedindo-se dos presbíteros da igreja de Éfeso, depois de três anos de laborioso trabalho naquela igreja, Paulo diz o seguinte: “jamais deixando de vos anunciar coisa alguma proveitosa… porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus” (Atos 20.20,27).
O Evangelho que Paulo pregava era completo, abrangia todas as facetas do ministério e do ensino de Cristo. Falava de vitórias, de bênçãos, de salvação, de segurança eterna. Falava de renúncia, de perseguição, de morte e ressurreição, de santidade, de compromisso. Falava de responsabilidade social, de cuidado para com os pobres, os órfãos e as viúvas. Falava de casamento, de vida familiar, criação de filhos, namoro. Falava de ética, de moral, de disciplina, de administração. Falava de evangelização, de pastoreio, de discipulado, de implantação de igrejas, de crescimento da igreja. Falava do céu, inferno, segunda vinda de Jesus, da eternidade. Afinal, era um evangelho completo.
Concluímos que o pastor tem que ser um bom nutricionista. Não somente ele, mas todo o Corpo de Cristo, todos os líderes, de todos os níveis, junto com ele. Ele deve estar atento às necessidades alimentícias do seu rebanho. Deve servir, acima de tudo, os alimentos de que seu povo precisa; não aquilo que eles querem comer. Se formos deixar por conta dos nossos filhos de quatro, seis, oito anos, escolher o que todos vão comer, imagine só como seria? Filhos maiores, de quatorze, dezoito anos, em fase de escola e praticando exercícios físicos puxados, precisam de alimentos consistentes. E não é que a vontade dos filhos quanto à comida não tenha que ser ouvida e às vezes levada em conta, mas o ponto chave é que o pai e a mãe são quem deve ter a decisão final quanto ao que será consumido na casa.
No livro Behind the Stained Glass Windows – Money Dynamics in the Church, os autores John e Sylvia Ronsvalle , dizem o seguinte:
“Os membros da igreja mudaram de mordomos para consumidores. As pessoas não sentem que estão devolvendo uma parte de suas rendas para Deus. Ao contrário, elas estão pagando por serviços que são prestados na igreja. Se alguns indivíduos são confrontados ou se suas necessidades não forem satisfeitas, eles simplesmente vão para outro lugar”.
Há igrejas que são verdadeiras sorveterias. Outras são carrinhos de pipocas muito enfeitados. Outras são conveniências de fast-food tipo delivery. Algumas são apenas barzinhos com pouca comida e muita música ao vivo. Há aquelas que têm muito fritura, muita gordura. Outras só servem feijoada, mocotó. Outras servem saladas orgânicas, tudo diet, sem nada pesado. Sabe o que isso significa? Significa que faltam despenseiros fiéis como o apóstolo Paulo. Falta uma mesa cheia, farta, repleta de todos os alimentos, para todas as idades e todas as necessidades.
Extraído do Livro “Igreja em Ação: Desejos e Perspectivas” – Ivanildo Gomes, MDA Publicações, 2011.
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